sexta-feira, 17 de junho de 2011

Restaurado Para Ser Bênção

Agora chegamos a um ponto muito importante do processo de cura, talvez o mais importante, pois revela o poder restaurador de Deus em seu triunfo máximo — seu poder para transformar o sofrimento humano em bênção para o homem e glória para seu nome.
               Aquele que Está ao Nosso Lado
Paulo aplicou essa profunda verdade teológica a um aspecto muito prático — o de nossos traumas emocionais e recalques. "O Espírito semelhantemente nos assiste em nossa fraqueza." (Rm 8.26.) Graças a Deus! Ele não nos deixa a lutar sozinhos. Não estamos abandonados à própria sorte, forçados a utilizar ape­nas nossos parcos recursos, para de alguma forma atravessarmos essa confusão toda, levando vidas fra­cassadas. Não! Nosso Médico ferido, nosso Sumo Sacerdote, Jesus Cristo pode "compadecer-se das nos­sas fraquezas". Jesus, o Filho de Deus, identificou-se conosco, seres humanos, quando se tornou o Filho do homem. Ele não apenas conhece nossas fraquezas, mas também nossos sentimentos. Ele compreende bem a dor da rejeição, a aflição causada pela separação, o pavor da solidão e do abandono, as nuvens negras da depressão. Ele entende, conhece e sente essas enfer­midades, essas adversidades e fraquezas. Ele é nosso Médico ferido, aquele que foi "ferido pelas nossas transgressões", e que levou sobre si nossas iniqüida-des e fraquezas.
Cristo é o nosso Médico ferido; ele compreende bem nosso sofrimento. Por isso, quando se preparava para deixar este mundo, prometeu que não deixaria seus amigos sós, mas voltaria para eles enviando-lhes o Consolador, o Paráclito. (Ver João 14.16-18.)
A boa-nova do evangelho para as pessoas que sofrem com traumas emocionais é a seguinte:
     Deus nos ama, não porque sejamos bons, mas porque precisamos de seu amor para sermos bons.
     Cristo, nosso Sumo Sacerdote, levou sobre si nossos pecados e fraquezas, não porque fôssemos bons, mas porque precisamos de seu amor e aceitação para nos tornarmos bons.
     O Espírito Santo nos oferece sua contínua pre­sença e poder, que nos capacitam, não porque somos bons, mas porque precisamos dele para sermos bons. Que verdade maravilhosa!
Temos aqui a provisão completa da graça de Deus. O amor incondicional e a aceitação do Pai; a completa identificação do Filho conosco, como nosso sumo sa­cerdote e médico ferido, sua identificação com nossos pecados e fraquezas; e a assistência diária, terna e inspiradora do Espírito.
E como o Espírito nos ajuda em meio a essas fraquezas que tanto nos prejudicam? "Porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós." (Rm 8.26.) Somente o Espírito Santo conhece realmente a mente de Deus. E só ele nos compreende de verdade. E como ele conhece o coração de Deus, e conhece o nosso também, só ele pode unir esses dois lados. E assim o Espírito intercede por nós com gemidos profundos demais para serem expressos. 
         Quando cooperamos com o Espírito Santo neste processo de oração e cura profundas, Deus não so­mente nos refaz e recondiciona, não somente tece novamente o seu projeto, mas também o recicla para que possamos ajudar a outros. Aí então poderemos olhar para essa vida e dizer: "Isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos."

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Verdades e Inverdades Acerca da Depressão

                                   
                
                
  A depressão é um problema muito comum entre cristãos. E o leitor poderá perguntar: "Mas como pode ser isso? Um verdadeiro cristão deprimido? As duas idéias são contraditórias e incompatíveis. Se uma pessoa nasceu do Espírito e certamente se ela foi cheia do Espírito, parece impossível que ela fique deprimida. E com certeza, o fato de ela estar sofrendo de depres­são deve ser uma indicação de que há alguma coisa errada com ela, de que precisa acertar alguma coisa com Deus. Isto talvez seja um sinal de que há pecado em sua vida."
       Tudo isso pode parecer muito certo e simples, mas, na verdade, não resiste a um confronto com as Escritu­ras, nem com a realidade cristã, nem com os princípios da Psicologia. E além disso, não se enquadra na experiência de muitos dos santos.
                                       
  O Cristão Pode Ficar Deprimido

            Tem lido os salmos de Davi ultimamente? "Por que estás abatida, ó minha alma?" (SI 42.5.) "Sinto abatida dentro em mim a minha alma." (SI 42.6.) "Por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu." (SI.42.5.  Ou já ouviu Elias dizer: "Toma agora, ó Senhor, a  minha alma." (1 Rs 19.4.) Ou Jonas: "Melhor me é morrer do que viver." (Jn 4.3.)Ou já escutou as palavras de Jesus no jardim, quando estava orando em agonia? "A minha alma está profundamente triste até a morte." (Mt 26.38.)
 Existem melhores exemplos de depressão — uma depressão que quase faz a pessoa a desesperar-se da vida? Muitos dos salmos que abordam essa questão de depressão falam do semblante, do rosto da pessoa, e como esses trechos são exatos em suas descrições! O indivíduo que está deprimido e desanimado tem um rosto muito infeliz. Tem uma expressão de perturbação, infelicida­de, preocupação, como se a vida estivesse colocando o peso do mundo todo em seus ombros.
Outro sintoma de depressão são as lágrimas. "As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite" (SI 42.3), diz o salmista. Esta frase contém uma decla­ração bastante acurada do ponto de vista psicológico. A depressão muitas vezes causa perda de apetite. A pessoa simplesmente não tem vontade de comer nada. E como o alimento lhe parece repulsivo, ela passa a viver de lágrimas, em vez de comida. "As minhas lágrimas têm sido o meu alimento." O que acontece aí? Não conseguindo parar de chorar, o indivíduo se alimenta do desespero, e, naturalmente, isso intensifi­ca seu estado de depressão.
A Bíblia é muito mais prática conosco e mais cari­dosa também do que alguns de nós, pois ela diz que um cristão pode ficar deprimido. As biografias dos santos também revelam isto. Muitas vezes citamos de João Wesley apenas sua maravilhosa conversão em Alders-gate, mas eu poderia mostrar inúmeras citações que se seguiram a ela, e que parecem anular completamente essa experiência, pois Wesley externou estados de depressão, dúvida e desânimo.
Para podermos resolver o problema da depressão, primeiro temos que reconhecer sua presença. E aquele que quiser ser sincero a respeito de seu lado emocio­nal terá que confessar: "É; a depressão também é uma velha conhecida minha. Entendo o que você está dizen­do."
Mas o que acontece é que muitos negam sua depressão, e assim fazendo aumentam seus proble­mas. Acrescentam à depressão um forte senso de culpa, e assim redobram o problema. Digamos que uma depressão bem grave eqüivaleria a carregar uma tonelada de peso emocional. É mais ou menos essa a sensação que se tem, não é? É horrível ter que carregar uma tonelada nas costas, mas temos forças para isso. Entretanto, quando dizemos: "Estou com essa depressão, então deve haver alguma coisa errada comigo", estamos acrescentando a ela o senso de culpa, e redobrando o peso do fardo. Aí a carga se torna impossível de ser suportada.
Estar deprimido não é necessariamente um sinal de falha espiritual. Pela narrativa das Escrituras vemos
que alguns dos casos de depressão mais sérios foram conseqüência de um esgotamento emocional, que se seguiu a um grande triunfo espiritual. Isso aconteceu com Elias, por exemplo. O que aconteceu com ele logo após o momento máximo de sua vida, quando triunfou sobre os profetas de Baal, no monte Carmelo? No instante seguinte, vemo-lo assentado sozinho, debaixo de um zimbro, pedindo a Deus para tirar-lhe a vida. Abraão também passou por uma experiência seme­lhante. E muitos de nós também passamos. Parece que a depressão é o "coice" emocional da natureza. É a pancada que um atirador recebe ao disparar uma arma de grosso calibre. É a reação da natureza, ou talvez o fator de equilíbrio do que CS. Lewis chama de "o princípio da ondulação", na personalidade hu­mana.
Infelizmente, nestas situações, nossos amigos da igreja podem ser os piores inimigos, dando-nos conse­lhos falsos, em desacordo com a realidade. Existem alguns cristãos que compreendem erradamente o pro­blema da depressão. Como eles próprios não se acham muito sujeitos a ela, não entendem as pessoas que sofrem com o problema. Isso pode ser terrível, quando essas duas pessoas são marido e mulher. Quando é a esposa que sofre crises de depressão, às vezes o marido não consegue entender bem as reações dela e suas variações de humor. E a situação pode tornar-se ainda mais séria, se ele se aproveitar disso para impor-lhe um fardo espiritual. Ou a mulher pode agir assim com o marido, se a situação for invertida.
A causa básica de muitos de nossos estados de­pressivos, muitas vezes, é o fato de não encararmos realisticamente essa depressão. Quem pensa que não existe relação entre o natural (isto é, nosso tempera­mento e a estrutura de nossa personalidade) com o nosso aspecto sobrenatural (isto é, nossa vida espiri­tual) está seriamente enganado. Tanto as emoções como a fé operam através da mesma constituição de personalidade. Deus não nos alcança por vias espe­ciais, que passam de largo por nossa personalidade, ou se desviam dela. Não é através de um funil mágico afixado a um orifício no alto de nossa cabeça que ele derrama sua graça sobre nós. Os aspectos de nossa personalidade que empregamos no exercício da fé são os mesmos pelos quais nossas emoções operam.
Satanás sempre quer transformar nos­sa depressão emocional numa derrota espiritual para nós. Ele quer pegar uma emoção "queimada" de nosso aparelho receptor e fazer dela uma fé "queimada". Ele conhece nossas fraquezas bem como a profundidade de nosso espírito, e vem nesse monotrilho e penetra direto no centro de nossa personalidade.
Sabe como Satanás quer nos derrotar? Ele tenta fazer com que sejamos eliminados desse jogo, levando-nos a cometer muitas faltas. Ele quer transformar uma depressão natural do temperamento em derrota espiri­tual, em dúvida e desânimo.


Resolvendo o Problema da Depressão

O fato de reconhecermos sinceramente nossa de­pressão não significa que estamos dando a Deus mais informações a nosso respeito. Ele conhece nossas emo­ções. Ele passou pelas mesmas coisas, na pessoa de seu Filho, quando este percorreu os mesmos caminhos que nós. E está conosco para nos compreender e nos ajudar. Quando reconhecemos e passamos a analisar nossas depressões, podemos tomar as providências seguintes adotando as medidas necessárias para a cura.
                               
Está Vivendo Acima de Sua Capacidade?

Todos nós temos limitações físicas, emocionais e espirituais, e precisamos nos manter dentro desses limites. Você tem dormido o suficiente? Vez por outra somos obrigados a perder horas de sono, e temos reservas de energia das quais podemos tirar as de que necessitamos. Mas, se fizermos dessa exceção nossa regra de vida, isto implicará em que estaremos cons­tantemente cansados. Se você é um dos que agem assim, posso garantir-lhe que sofrerá de depressão crônica, e talvez até de depressão patológica e clínica. Você sentirá o mesmo que aquele homem que disse não estar passando apenas por uma crise de identidade,mas também por uma crise de energia. Ele não sabia quem era e estava cansado demais para procurar saber.
Quero responder a uma pergunta antes mesmo que alguém a faça: não; o fato de uma pessoa estar no serviço cristão não muda essa verdade. Deus não anula suas leis, para favorecer pregadores, missioná­rios, grandes realizadores e obreiros superconsagra-dos. Eles também estão sujeitos às leis que Deus colocou em nosso organismo e constituição emocional. Ninguém pode violar assiduamente estas leis, sem sofrer as conseqüências. Que tipo de fardo você leva nos ombros? Quem você pensa que é, afinal? Deus?
Algumas pessoas estão sempre se descuidando do físico, e depois ainda se admiram de estarem deprimi­das.
Você já pensou que este estado depresssivo em que se encontra possa ser um controlador natural que Deus colocou em você? que isso é um recurso para levá-lo a diminuir o ritmo, a equilibrar as emoções, por estar constantemente tentando viver acima de suas possibilidades físicas?